Oportunidades e desafios com a nova dinâmica da população idosa
O Brasil conta hoje com 19 milhões de pessoas idosas. É a faixa etária que mais cresce no país e representa 10,5% da população total. Esse envelhecimento é uma conquista, fruto de avanços significativos no desenvolvimento do país, como o aumento da expectativa de vida, mudanças de hábito e políticas de amparo, entre outros. É um cenário promissor, mas inegavelmente desafiador. A nova dinâmica da população brasileira vai demandar educação para uma transformação socioeconômica.
Isso porque, ainda hoje, o idoso é associado à inatividade e aposentadoria de forma equivocada. Embora este indivíduo necessite de uma rede de assistência, cuidados e políticas próprias, existe uma transição de sua atuação na sociedade brasileira.
Atualmente, muitos idosos trabalham ou estão disponíveis para serem reinseridos no mercado de trabalho, mantém uma vida social ativa, se relacionam, consomem e viajam. Trata-se de um público com potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões, o dobro da média nacional, mas que mesmo assim ainda passa despercebido pela maioria das empresas de produtos e serviços.
NOVO PERFIL REQUER ESTRATÉGIA DIGITAL
O perfil do idoso brasileiro mostra que ele está mais planejado em relação às compras e cada vez conectado e interagindo socialmente nos meios digitais. Por exemplo, segundo pesquisa da PNAD Contínua, eles formam o grupo que mais cresce entre usuários da internet no Brasil – um em cada quatro brasileiros acima dos 60 anos já está na internet.
E não se trata apenas de conexão social. Este grupo utiliza a internet para aprender novas atividades, fazer serviços bancários, comprar online, acompanhar notícias, jogar. É um perfil que exige também nova estratégia de comunicação das marcas. Mas o que se vê ainda é um tratamento em bloco, como se a velhice não fosse plural.
É fato que falamos aqui de um público extremamente heterogêneo, que reflete as desigualdades sociais típicas do Brasil e aquelas próprias da trajetória de cada um. E como indivíduo, tem interesses e gastos que vão muito além dos cuidados com a saúde.
Idosos têm conta em banco, usam cartão de crédito, compram carro, produtos de beleza, roupas, acessórios e bebidas alcoólicas, entre muitos outros itens. E seu potencial é muito maior, conforme revela o livro de autoria de Jorge Félix, “Economia da Longevidade: o envelhecimento populacional muito além da previdência”.
Passou da hora de as empresas se voltarem para consumidores e aproveitarem tais oportunidades de negócios. Mesmo diante de todos os fatos, muitas ainda seguem perdendo a chance de cativar esse público tão relevante economicamente.